Carnaval, carnaval, carnaval

"Eu fico triste quando chega o Carnaval..."

Carnaval, carnaval, carnaval

Hoje eu vi esse meme aqui lá no Instagram. Esbocei um riso risonho: pouca coisa consegue me descrever melhor que aquele "oversharing but still a mystery to everyone". Não porque meu signo é de fato Escorpião e "nossa, literalmente eu", mas porque eu falo, falo e falo e não digo nada -- online principalmente, mas na vida real também. Existe o básico que eu falo pra todo mundo, e existem as coisas que só um ou outro sabem. "Ou", mesmo.

Eu sempre levo isso pra terapia. Que eu queria falar tudo pra todo mundo, porque eu me sinto muito sozinho muitas vezes por não ter com quem / conseguir falar determinadas coisas, me "sobrando" a psicóloga que, verdade seja dita, é realmente a melhor pessoa pra ouvir as minhas coisas. Mas eu queria mesmo falar muito sobre como eu me sinto, o que eu sinto, o que eu penso com outras pessoas. Mas eu tenho uma ~condição, de acordo com a psicóloga, que me impede de fazer isso porque eu preciso da atenção e do afeto das pessoas. Assim sendo, se eu penso que posso perder isso, eu calo.

Em outras palavras, se eu digo algo pra você e mas não pra outra pessoa, é porque eu sinto que o limite que eu tenho até você não gostar de mim é maior, ou diferente.

É um verdadeiro malabarismo o que eu faço pra que todo mundo goste de mim o tempo todo -- e, aqui, "todo mundo" não inclui eu mesmo, passa nem perto. Eu não gosto disso, não gosto de como eu me sinto por conta disso, mas eu também não me importo comigo o suficiente pra me preocupar. E eu não gosto disso, também.

Aí chegamos no Carnaval, essa época do ano que mais me machuca do que cura, e eis aqui algo sobre mim que ninguém sabe. A ansiedade que eu sinto, com tanta pressão pra eu divertir na rua, encontrar as pessoas que me chamam pros blocos e demais lugares e a tantas outras coisas que não me fazem exatamente bem, é enorme. Mais do que eu isso, eu me sinto obrigado a fazer tudo. Aí, ou eu faço me sentindo como se tivesse um fungo guiando meu corpo, me corroendo, machucando e me fazendo não sentir que eu sou eu, ou sofro uma enormidade por não fazer só porque isso me garantiria aquela atenção e aquele afeto.

Não há paz. Não há um único segundo de paz. Hoje, por exemplo, tava muito cansado e esse tempo CU aqui em São Paulo não me faz ter qualquer vontade de levantar da cama, quanto mais sair de casa. Eu podia só aceitar isso, né? "Eu sou assim". Mas eu não sei se eu sou assim, então fico pensando se não devia ter saído e...

Enfim. Tudo isso pra dizer o que eu já disse essa semana lá no Instagram: eu tou no fundo do poço. Sei lá se o nome é burnout mesmo, mas tá difícil ter um mínimo de energia pra qualquer coisa. E não é só energia tipo "ah, não vou pro rolê". É coisa de a psicóloga cogitar levar pessoas da minha família na sessão, sugerir hipnose pra ver se eu destravo alguma coisa pra seguir em frente.

Tudo isso enquanto Carnaval, eu fazendo piada de blogueirinho no Instagram, jogando Marvel Snap nos momentos livres (que são praticamente todos, nem que eu os faça assim). Não sobra um único segundo pra mim. Unzinho. E eu me sinto realmente mal por pensar em querer ter esse segundinho, quem sabe um minuto inteiro.

Isso não é vida e eu sei que não é. Mas...