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Eu pedi pro ChatGPT um tĂtulo pra esse texto e ele mandou "sonhos de infância e a frustração da realidade adulta" e me senti como esse emoji aĂ... :P
Lembrei agora de quando eu era moleque, inĂcio da adolescĂŞncia, e fazia projetos de uma embarcação pra pescar no lago do condomĂnio onde meus tios-avĂłs tinham um sĂtio (ou uma chácara, sei lá a diferença), em Vinhedo.
Além da ideia de eventualmente ir até o meio do lago, esse barquinho (que tinha teto), poderia me levar uns cinco metros pra frente de onde eu costumava pescar, onde tinha uma... coisa de concreto.
O que era aquilo? NĂŁo sei. Mas nunca ninguĂ©m deixou eu nadar atĂ© lá e a ansiedade da minha mĂŁe me fazia crer que se eu entrasse naquele lago eu encostaria nos mais nojentos tipos de superfĂcie. Mal encostava a mĂŁo, jamais encostei o pĂ©, imagina entrar no lago.
Nem construĂ o barco, no caso. NĂŁo sei se foi porque nĂŁo deu tempo, já que o sĂtio / chácara foi vendido uns anos depois, ou porque a fase de jovem sonhador acabou rápido. Mas eu tava aqui pensando em construir uma casa e lembrei disso.
Sim, eu mesmo construir. Como se fosse uma caixa de tijolos, literalmente, e ser feliz lá dentro e onde eu bem entendesse. Porque porra, bicho... esse negócio de capitalismo destrói a gente que já sonhou um dia.
Nessa mesma Ă©poca em que eu tive momentos de engenheiro naval, eu tentava convencer meu pai a comprar um sĂtio, ou chácara. TerĂamos dois cachorros, um Pastor AlemĂŁo e um Boxer (um eu sei que se chamaria Willie Nelson, o outro nĂŁo lembro) e eu realmente acreditei que isso era possĂvel, por mais que eu nunca tenha recebido qualquer incentivo pra pelo menos sonhar com a ideia. Acabou que meu pai morreu sujando o nome dos dois filhos pra alugar uma casinha na Penha e eu tou num lugar que nĂŁo parece que está fisicamente em nenhum ponto do universo. Existe o aqui dentro e existe o TatuapĂ©, PompĂ©ia, Sumarezinho, onde eu nĂŁo moro mais.
Agora, beirando os 40, eu fico aqui, vendo o pessoal em casas e apartamentos de frente pro mar, aqueles apartamentos do The Circle, uma casa com piscina tipo a da minha ex lá de Ribeirão Preto e... eu nunca vou chegar perto daquilo, né? Nem alugando, infinitamente menos comprando. No máximo uma diária de Airbnb e, ainda assim, no sufoco.
Por que caralhos precisa existir a geografia, a fĂsica, faculdades de engenharia e, principalmente, o dinheiro? Por que nĂŁo posso escolher um lugar legal, juntar uns tijolos e ficar lá dentro?
Sei lá, tava pensando nisso mais do que eu gostaria...