Beleza e leveza no absurdo e no terror
Ninguém mais no universo consegue fazer o que Taika Waititi faz dentro e fora dos seus filmes.
Eu me acostumei a assistir a coisas e sair me arrastando da sala, tentando juntar os pedaços enquanto meus óculos embaçam. É mais fácil se identificar com quem tá na merda, até por ser muito mais fácil se encontrar nela.
Em 2018 assisti a um filme cheio de simbolismos dirigido por um cara que nunca se sentiu parte do mundo e sempre encontra, e mostra, a beleza no absurdo, no diferente, naquilo para o que muita gente vira a cara. A Forma da Água, de Guillermo Del Toro, ganhou Oscar, mas também um lugar no meu coração por me fazer me sentir bem, tranquilo, leve e parte de alguma coisa.
Sei lá se isso é algo inerente aos anos pares, mas meu 2020 começou com um outro filme que mostra a beleza no absurdo, leveza em meio a 2a Guerra Mundial e que eu já espero desde já que ganhe Oscar, o Globo de Ouro, o Grammy, Troféu Domingão, Emmy e o que mais existir de premiação pelos mesmos motivos que me deixaram genuinamente feliz quando A Forma da Água ganhou. Jojo Rabbit, gente.
O novo filme do Taika Waititi é MUITO um filme do Taika Waititi, mas é um filme que me fez sentir de uma maneira que eu não me lembro de ter me sentido antes. Não só diante de um filme, mas na VIDA. 36 anos e eu não sei definir o que foi aquilo. É como se todas as coisas boas e quentes que transbordavam do meu coração servissem, também, pra me dizer que aquele sou eu. Que aquela pessoa sentindo tantas coisas maravilhosas sou eu. Que eu consigo, sim, sentir tudo isso.
Eu não cheguei olhar na cara dessa pessoa, não deu, e nem mesmo sei exatamente como que faço pra chegar nela de novo. Mas Jojo Rabbit me fez perceber que, sim, por mais que não pareça, essa pessoa, esses sentimentos, essas possibilidades existem. Que eu existo.
Let everything happen to you
Beauty and terror
Just keep going
No feeling is final
Obrigado por isso, Taika Waititi. Meu 2020 não poderia ter começado melhor e isso não vai ser em vão.